Editorial

Hoje é o Dia da Europa

Para celebrar o Dia da Europa fazemos-lhe chegar esta nossa Carta, com reflexões e informações úteis.

É verdade que nem tudo tem corrido bem na gestão desta nova crise. E estes dias devem servir para celebrar conquistas, mas também para avaliarmos o caminho percorrido e, se for caso disso, afinar o rumo. É por isso também dia de relembrar as palavras de Schuman, há precisamente 71 anos: “A Europa não se fará de uma só vez, nem de acordo com um plano único. Far-se-á através de realizações concretas que criarão, antes de mais, uma solidariedade de facto.”

Da nossa parte, reafirmo o compromisso do PSD na saúde, no ambiente, na economia e nas restantes áreas em que trabalhamos diariamente para que Portugal e a Europa ultrapassem estes tempos difíceis o melhor e o mais depressa possível.

Acredito que a cidade Lisboa que ambiciono consiga reforçar a sua identidade na Europa que defendo

Carlos Moedas

Ex-comissário europeu
Candidato à CM Lisboa

A Europa que defendo e a cidade que ambiciono

Carlos Moedas

CARLOS MOEDAS

De 2014 a 2019, geri como comissário europeu o maior programa do mundo nas áreas da Investigação, Ciência e Inovação, com um orçamento de 80 mil milhões de euros. Antes de concluir o mandato em 2019, ainda consegui negociar que o próximo programa fosse dotado de cerca de 100 mil milhões de euros.

Mais importante do que estes números avultados, é o impacto direto destas verbas no quotidiano dos cidadãos europeus.

Nestas áreas, os fundos europeus contribuem para maior crescimento económico, mais prosperidade e criação de emprego de valor acrescentado: criam-se equipas de investigação com jovens cientistas promissores, descobrem-se tratamentos e curas inovadoras, apoia-se a criação de empresas inovadoras que desenvolvem produtos de mãos dadas com as universidades.

Foi esse projeto europeu, próximo dos cidadãos, concreto, visível e descentralizado de Bruxelas, que defendi durante a minha experiência europeia. Porquê? Porque até hoje nunca esqueci o cheque Erasmus que recebi e abriu-me os horizontes, mudando a minha vida para sempre.

Tal como o programa que geri, sempre considerei que os fundos europeus devem responder às expectativas dos nossos cidadãos e ajudar a resolver os seus problemas quotidianos. Por isso, até hoje, em todo o meu percurso profissional, os meus anos europeus são sem dúvidas os que mais me marcaram precisamente por ter estado a contribuir para termos mais europa e ajudar cidadãos das mais variadas nacionalidades nos seus dia-a-dia.

Sempre considerei que os fundos europeus devem responder às expectativas dos nossos cidadãos e ajudar a resolver os seus problemas quotidianos

Carlos Moedas

Como comissário europeu, percorri o mundo de lés a lés e Portugal de Norte a Sul, e as nossas ilhas. Testemunhei que as políticas públicas com maior impacto nos cidadãos são cada vez mais tomadas ao nível das cidades, recuperando o antigo conceito de cidade-Estado. As cidades são hoje em dia faróis de inovação. Funcionam como ímanes para o talento, o capital e as oportunidades.

Assim, em 2017, aproveitei o Web Summit para atribuir a Paris o Prémio de “capital europeia da inovação” para um projeto que junta novas tecnologias com arte, música e educação para crianças.

Em 2018, brindei Atenas com o mesmo prémio para projetos de revitalização de edifícios abandonados através da concessão de pequenas subvenções aos residentes, às pequenas empresas, às comunidades criativas e a outros grupos da sociedade civil para dar nova vida aos bairros desta cidade.

É esta experiência europeia e conhecimento adquirido que quero hoje trazer em benefício de Lisboa. Porque acredito que a cidade Lisboa que ambiciono consiga reforçar a sua identidade na Europa que defendo.

+info : www.carlosmoedas.pt

Paulo Rangel

PAULO RANGEL

O certificado atesta que o titular foi vacinado, está imune por recuperação da doença ou dispõe de teste negativo recente

Certificado Europeu: o primeiro passo para voltar a circular

Para lá dos desafios sanitário e económico, a pandemia lança um outro repto: restaurar a liberdade de circulação no espaço europeu. Circular na UE é hoje um “quebra-cabeças” para os cidadãos (turistas ou agentes económicos). As regras variam de país para país e alteram-se todas as semanas: testes, quarentenas, proibições, excepções. Por isso mesmo, desde que o Primeiro-Ministro grego Mitsotakis (PPE) lançou a ideia do Certificado Europeu Covid 19, o PSD apoiou entusiasticamente a iniciativa. A Cláudia Aguiar e Paulo Rangel propuseram emendas substantivas, importantes para Portugal, que acabam de ser incorporadas na posição negocial do Parlamento, aprovada há dez dias. O tempo urge: este instrumento só será útil se estiver a vigorar em Junho.

O certificado atesta que o titular foi vacinado, está imune por recuperação da doença ou dispõe de teste negativo recente. Diante dele, os Estados não poderão fazer exigências adicionais como novos testes ou quarentenas. O risco de discriminação está afastado, porque ele não se aplica só aos vacinados, é gratuito e pressupõe que os testes passem a ser gratuitos.

É fundamental que todos os países reconheçam ao certificado os mesmos efeitos. O grande risco da solução não funcionar reside em atitudes unilaterais de governos nacionais.

Se eles seguirem a posição do Parlamento (já agora, do PSD!), o espaço Schengen começará a ser restaurado e a liberdade de circulação voltará a brilhar.

Lídia Pereira

LíDIA PEREIRA

Planos de Recuperação e Resiliência (PRR), abrem portas a um conjunto de oportunidades que Portugal tem de conseguir aproveitar

Visão e competência para aproveitar os fundos europeus de recuperação

Portugal padece historicamente da capacidade de conseguir definir estratégias e investimentos conducentes ao seu desenvolvimento.

O programa NextGenerationEU, alinhado com o Green Deal e do qual a face mais visível são os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR), abrem portas a um conjunto de oportunidades que Portugal tem de conseguir aproveitar:

  • Digitalização da economia: apesar da insuficiente fatia direcionada pelo Governo para esta matéria, os ganhos de eficiência e as novas soluções que a digitalização traz às empresas serão cruciais para a competitividade destas a nível europeu e mundial;
  • Energia: reforçar as conexões energéticas, continuar a investir nas energias renováveis, apostar na rede de carregamento de carros elétricos e na reciclagem das baterias, bem como investir criteriosamente no hidrogénio, será determinante para o futuro;
  • Eficiência energética: combater a pobreza energética, melhorando o isolamento térmico das habitações e aumentar a disponibilidade de postos de carregamento de carros elétricos em prédios de habitação coletiva;
  • Na agricultura: tirar partido das verbas destinadas à digitalização para apostar na inovação tecnológica, de forma a adaptar o setor e melhorar a sua resiliência perante as ameaças decorrentes das alterações climáticas;

Estes são apenas alguns exemplos concretos que o PRR aporta para o desenvolvimento do nosso país. Não percamos esta oportunidade.

José Manuel Fernandes

JOSé MANUEL FERNANDES

Os fundos europeus são essenciais para Portugal e atravessam vários governos

Maria da Graça Carvalho

MARIA DA GRAçA CARVALHO

A ciência e a inovação estão em tudo, ou quase tudo, o que será importante para a Europa no futuro próximo

A ciência e a Inovação estão em tudo

A indiana Shakuntala Devi dizia que “tudo à nossa volta é matemática”. Olhando para o programa-quadro Horizonte Europa, que o Parlamento Europeu acaba de adotar, apetece parafraseá-la e dizer que a ciência e a inovação estão em tudo, ou quase tudo, o que será importante para a Europa no futuro próximo.

O novo programa-quadro – o maior de sempre e o maior do mundo, com um orçamento de 95,5 mil milhões de euros - contribuirá para a recuperação europeia, para a criação de empregos, para apoiar a indústria e as empresas e para as decisivas transições digital e verde. Será essencial para tornar as nossas economias mais resilientes e para o avanço da ciência, nomeadamente nos domínios da saúde e do ambiente.

A eurodeputada Maria da Graça Carvalho tem estado particularmente envolvida com este programa, sendo relatora da estratégia do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), um poderoso instrumento do Horizonte Europa que atua em todos os patamares do conhecimento para transferir soluções inovadoras para a economia e para a sociedade, igualmente aprovado em plenário.

Maria da Graça Carvalho tem igualmente em mãos um relatório sobre um conjunto muito alargado de parcerias – abrangendo temas como saúde inovadora, hidrogénio verde, transição digital e aviação limpa – cujo financiamento ultrapassa os 10 mil milhões de euros. Uma destas parcerias é particularmente relevante para Portugal. Trata-se da Computação de Alto Desempenho, cujo projeto contempla a instalação no nosso país de supercomputadores.

Álvaro Amaro

ÁLVARO AMARO

Este investimento sem precedentes será crucial para fazer chegar ao campo a transição tecnológica

Uma oportunidade histórica para Portugal

Um ano depois do início desta terrível pandemia, vemos “luz ao fundo do túnel”. Estamos agora a entrar numa nova fase: a da recuperação económica e social, só possível graças aos 61,2 mil milhões de euros de apoios europeus, de que beneficiaremos até 2029.

Álvaro Amaro acredita que Portugal “não pode perder esta oportunidade histórica e que estes apoios devem resultar numa grande esperança para a economia e as famílias”.

Uma oportunidade, também para a agricultura. Para Álvaro Amaro, “este investimento sem precedentes será crucial para fazer chegar ao campo a transição tecnológica. Esta é a forma equilibrada e responsável de alcançar os objetivos ambientais, sem comprometer a sustentabilidade socioeconómica”.

Para o Eurodeputado, a “União, sendo também de Estados, é principalmente de Povos”. Por isso, “o Governo tem de envolver as instituições mais próximas das pessoas, como as Autarquias e os parceiros sociais, no debate dos instrumentos de política que lhes são destinados, sobretudo dos Fundos Europeus do novo Acordo de Parceria e do Plano Estratégico da PAC.”

O compromisso do PSD é “por um Portugal e uma UE mais justos, mais coesos e com um futuro mais promissor para as suas gentes”.

Álvaro Amaro conclui que a “coesão, além de económica e social é também territorial”, uma ideia central da sua proposta de um “Pacto para os Territórios de Baixa Densidade”, que poderá passar pela “Visão de Longo Prazo para as Áreas Rurais” a apresentar pela Comissão Europeia em junho próximo.

Cláudia Monteiro de Aguiar

CLáUDIA MONTEIRO DE AGUIAR

O PSD continuará a ouvir o sector e a intervir pelo Turismo

Luz verde para a União Europeia do Turismo

O Parlamento Europeu aprovou a “Estratégia da União para o Turismo Sustentável”, um documento estruturado com propostas de apoio ao sector do turismo e viagens, da autoria de Cláudia Monteiro de Aguiar.

Há um conjunto de medidas que sustentam a urgência no apoio à capitalização das empresas. De entre as propostas destacamos a criação de financiamento direto ao sector, apoio às PMEs, redução das taxas de IVA sobre os serviços de viagens e turismo, programas específicos ao sector com apoio do Banco Europeu de Investimento e financiamento para a promoção da marca Europa. O documento pede com veemência que os Estados-Membros incluam o turismo nos seus planos de recuperação e nos programas operacionais de 2021-2027.

O certificado europeu covid19, é uma das medidas inscritas neste documento e recentemente aprovadas em plenário por larga maioria. O objetivo principal do certificado, a entrar em vigor antes do verão, é o de facilitar a mobilidade de cidadãos, sendo que aos já vacinados, Inoculados ou com teste negativo não se imponham restrições adicionais que dificultem a sua livre circulação.

A par desta medida, pedimos que os testes sendo obrigatórios passem a ser gratuitos, evitando discriminação entre cidadãos.

Países como Portugal precisam que a retoma da economia aconteça, e todas estas medidas são fundamentais para o turismo, um sector que foi, em outras crises duras, um catalisador fulcral de recuperação.

A Presidência Portuguesa tem em mãos uma oportunidade chave de ser exemplo e liderar o apoio aos portugueses e às empresas, deve agregar e criar oportunidades que criem valor ao nosso País. Aproveitemos para, entre outras medidas, por exemplo viabilizar apoio ao Turismo com base no fundo europeu de ajustamento à Globalização.

O PSD continuará a ouvir o sector e a intervir pelo Turismo. Reconhecemos a sua importância para o crescimento e desenvolvimento de Portugal.

A Europa não deve ser feita de imediato ou de acordo com um único plano: antes, será formada tomando medidas que demonstrem verdadeira solidariedade.

Robert Schuman

9 de maio de 1950