No debate sobre a garantia do acesso a meios de comunicação social democráticos, como a Radio Free Europe/Radio Liberty, que teve lugar no dia 1 de abril, durante a sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, foi discutida a possibilidade de esta vir a ser objeto de corte nas subvenções que sustentam a sua atividade por parte da administração norte-americana, o seu impacto nas populações que serve e as possíveis respostas europeias a semelhante desfecho.
A propósito dos cortes decididos pela administração Trump, Sebastião Bugalho recordou que, em consequência do operado no financiamento da ajuda externa norte-americana, um milhão e trezentos mil deslocados na Ucrânia perderam o abrigo e dois milhões e setecentos mil feridos de guerra a assistência médica.
O deputado do PSD sublinhou que, em noventa dias, quatro milhões de ucranianos tinham sido atingidos por aquelas medidas, tal como metade da população do Sudão - vinte cinco milhões de pessoas – que dependia de programas alimentares oriundos da USAID e que se encontrava a passar fome.
Para o Vice-Coordenador do grupo PPE para os Assuntos Externos, independentemente da posição que os deputados ao Parlamento Europeu pudessem ter quanto aos cortes na ajuda externa norte-americana, estes afetarão as prioridades europeias em múltiplas áreas, "da segurança à agricultura, das fronteiras à saúde".
No tocante ao corte no financiamento da Radio Free Europe/Radio Liberty, Sebastião Bugalho considerou que este, apesar de não custar vidas, teria impacto nos europeus porque aquela emissora era parte da história e da vida de muitos, incluindo de vários deputados ao Parlamento Europeu, "que atrás da cortina de Ferro viram os seus avós sintonizar aquela frequência, na busca de uma esperança que vinha em forma de som."
Bugalho lembrou que "A caneta é mais forte do que a espada, mas o som não é uma arma menos poderosa. Não é por acaso que aqueles que nos querem mais vulneráveis no nosso futuro, também nos querem menos conscientes do nosso passado. Uma Europa com memória é uma Europa que não esquece o que já ultrapassou."
Lembrando as palavras do discurso de tomada de posse de John F. Kennedy - "Pagaremos qualquer preço, suportaremos qualquer fardo, apoiaremos qualquer amigo, opor-nos-emos a qualquer inimigo, para assegurar o êxito e a sobrevivência da liberdade" - o deputado do PSD concluiu manifestando a confiança de que a sua geração também será capaz de cumprir este compromisso.
A Radio Free Europe/Radio Liberty, foi criada em 1950 para veicular notícias, análises e programação cultural fiáveis às audiências sujeitas à propaganda comunista no leste da Europa durante a Guerra Fria. O seu trabalho mantém-se relevante e significativo.