O Eurodeputado José Manuel Fernandes alertou hoje, em Braga, para a “necessidade urgente” de Portugal definir “um rumo estratégico para a agricultura”, de forma a “revitalizar muito rapidamente um sector de actividade que é determinante para o futuro do País”. Defendeu uma aposta “inequívoca” na qualidade da produção e na regulação eficaz dos mercados.
Numa jornada dedicada à agricultura e a encontros com agricultores do Cávado, José Manuel Fernandes visitou a AGRO - Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação, que está a decorrer no Parque de Exposições de Braga, onde aproveitou para enaltecer o esforço das associações e dos agricultores na revitalização do sector na região.
“A agricultura é um sector estratégico para Portugal e que ganha uma importância ainda maior no contexto da actual crise económica e social”, afirmou o eurodeputado, apontando desde logo a necessidade de “reequilibrar a balança comercial do País, altamente deficitária”. É que a agricultura pode dar “um contributo decisivo para diminuir as importações e aumentar as exportações”.
“Não tenho dúvidas que a agricultura é um sector estratégico para Portugal superar a crise e ajudar a resolver alguns dos problemas estruturais que levaram à actual situação dramática em que o País se encontra”, afirmou.
O Eurodeputado salientou ainda o “factor de coesão social e territorial”, numa estratégia de intervenção integrada que promova o desenvolvimento rural. Destacou igualmente a importância da soberania alimentar, uma questão que está cada vez mais no centro das atenções na Europa e na economia global. Vincou mesmo que não se pode compreender que a agricultura portuguesa tenha sido fortemente penalizada pela governação socialista dos últimos anos, quando na União Europeia assume um papel cada vez mais prioritário.
“Estima-se que a população mundial passe de 6 mil milhões para 9 mil milhões em 2050. Neste período, a FAO prevê que um aumento de 70% na procura mundial dos bens alimentares. Por isso, é preciso assegurar uma produção sustentável e uma utilização eficiente dos solos, devidamente enquadrada com as implicações ao nível das alterações climáticas”, sustentou José Manuel Fernandes, deixando a convicação que a agricultura será um sector estratégico determinante no futuro da economia mundial.
A revisão da Política Agrícola Comum está a ser encaminhada para “garantir maior equidade, menos burocracia e um regime de apoio simples e específico que chegue a todos os pequenos agricultores”. O Eurodeputado esclareceu que “o objectivo é melhorar a competitividade e a contribuição para a vitalidade das zonas rurais”. Por outro lado, alertou para a necessidade de agricultores e instituições começarem a adaptar-se para a eliminação das quotas leiteiras a partir de 2015.
Acompanhado de João Marques, líder da Cavagri-Cooperativa Agrícola do Cávado e que preside igualmente à cooperativa Agros, o Eurodeputado defendeu a defendeu que a indústria agro-alimentar deve estar mais próxima das produções. Chamou ainda a atenção para a importância de juntar sinergias regionais e da valorização comercial dos produtos na origem.
“Não adianta pedir para se produzir, se depois não dar o devido valor ao trabalho do produtor e concentrar os lucros na fase final da cadeia de distribuição comercial”, apontou José Manuel Fernandes, enaltecendo as condições tecnológicas e estruturais asseguradas pela Cavagri para a produção vinícola, numa intervenção que pretende alargar nos próximos tempos à horto-fruticultura.