No seu discurso de encerramento, Álvaro Amaro lembrou que os agricultores são os guardiões do território e da sua paisagem natural e cultural e salientou o papel fulcral - também histórico - que vêm desempenhando na sua valorização e preservação.
Álvaro Amaro, que é também Presidente do Intergrupo “Biodiversidade, Caça e Ruralidade”, explica que os instrumentos integrados no Pacto Ecológico - Estratégia da Biodiversidade e a Estratégia do Prado ao Prado - são a resposta da Comissão Europeia às perdas de biodiversidade e às alterações climáticas. Contudo, condena o facto de que, ao invés de se centrar no fomento da sustentabilidade, a Comissão tenha colocado o enfoque nas responsabilidades potenciais das práticas agrícolas convencionais.
O eurodeputado do PSD assume-se crítico desta abordagem. “Ao opor a agricultura e o ambiente, a Comissão suscita um grave risco moral e social, e lesa injustamente o bom-nome dos agricultores” disse. Esta postura é tanto mais contraproducente quando sabemos que “o sucesso de qualquer ação a empreender para conter e reverter as perdas de biodiversidade e as alterações climáticas, dependerá do esforço dos agricultores”.
Álvaro Amaro reconhece que existe uma necessidade evidente de reforma dos processos de produção agrícola. Contudo, esta necessidade deve ser vista no contexto das reformas agrícolas concebidas e implementadas nas últimas décadas e cujo êxito pôs um termo à, outrora, recorrente escassez de produtos alimentares. “Naturalmente, a agricultura deverá acompanhar a evolução da sociedade” disse, e acrescentou: “Já não basta produzir os melhores e mais seguros alimentos do mundo, a preços acessíveis e em quantidade suficiente - é necessário produzi-los de forma mais sustentável”.
Álvaro Amaro ressalvou, ainda, o equilíbrio tripartido da sustentabilidade: ambiental, social e económico: “é irresponsável reduzir o impacto ambiental da produção agrícola recorrendo à redução da sua produtividade, nomeadamente com a eliminação dos fatores de produção” (fitofármacos, etc.). Pelo contrário, Álvaro Amaro defende que “a produtividade e a eficiência dos métodos de produção deverão ser potenciadas pela inovação e conhecimento”, e em linha com a transformação digital.
No encerramento da Cimeira, afirmou “só com novas ferramentas e melhores práticas será possível assegurar a manutenção do abastecimento alimentar e, ao mesmo tempo, potenciar o contributo das atividades agrícolas para alcançar as metas de sustentabilidade”. Para o efeito, impõe-se o desenvolvimento de um enquadramento legal adequado e suficiente e de investimento proporcional.
A 1ª Cimeira da Biodiversidade do Fórum foi promovida pela European Landowners’ Organization (ELO) e pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em Santarém, no contexto do Fórum para o Futuro da Agricultura Portugal, organizado sob os auspícios da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.