Entre os temas em debate, foram abordados os desafios e as prioridades da 10.ª legislatura, iniciada em julho passado. Segundo o eurodeputado eleito pelo PSD, são três os principais desafios que a União Europeia atravessará nos próximos anos: o fortalecimento da autonomia, segurança e defesa da União Europeia, cuja guerra na Ucrânia veio evidenciar; o aumento significativo da competitividade europeia, através da recuperação económica pós-pandemia e de uma eficiente e eficaz transição para uma economia verde e digital; e as negociações para o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP), decisivo para garantir que a União tenha os recursos necessários para enfrentar os desafios que enfrentamos, particularmente nas áreas da inovação, segurança e defesa.
Hélder Sousa Silva chamou ainda a atenção para relação “paradoxal” dos portugueses com a União Europeia e com as próprias eleições europeias. Ou seja, apesar de sermos o país de toda a UE que mais confia nas instituições europeias, em particular no trabalho do Parlamento Europeu; somos, igualmente, dos países que menos participa nas eleições europeias. O eurodeputado explicou que, se é em Bruxelas que se produz cerca de 80% da legislação que é aprovada no Parlamento Nacional e que influenciará o nosso dia-a-dia, porque razão os portugueses se abstêm de expressar nas urnas a sua orientação? Neste âmbito, considerou essencial o papel pedagógico dos jornalistas na divulgação do trabalho desenvolvido pelo Parlamento Europeu, de forma a informar e a consciencializar os cidadãos para questões tão importantes do nosso quotidiano.
O deputado ao Parlamento Europeu fez ainda questão de frisar as particularidades desta nova legislatura do PE: pela primeira vez desde que Portugal aderiu à CEE, tivemos umas eleições sem o voto dos britânicos; uma guerra ativa em território europeu; e ainda um pós-pandemia bastante duro para a economia europeia. Desta conjuntura resultou “uma maior fragmentação política dentro do Parlamento Europeu”, com o eurodeputado a afirmar que “com a criação de duas novas famílias políticas no PE, há uma considerável ala do plenário, tanto do lado esquerdo como do direito, que tem como objetivo único enfraquecer a União”. O resultado é “um Parlamento mais polarizado, onde as coligações tradicionais dos mandatos passados já não são suficientes para garantir a maioria”. Para Hélder Sousa Silva, face a esta conjuntura, “é crucial que os partidos moderados, sobretudo o PPE, o Renew e o S&D, se entendam, e através de compromissos mútuos, obviamente tendo em conta o peso político de cada partido obtido através de um maior número de deputados, consigam continuar a construir o futuro da União Europeia tal como, historicamente, o têm feito.”
De referir que esta é já a 4ª edição do Programa de Formação para jovens jornalistas, realizada em cada um dos Estados-membros, com uma primeira parte nacional e uma segunda parte a decorrer no Parlamento Europeu em Bruxelas, com jornalistas de vários países.