O eurodeputado Hélder Sousa Silva defendeu, no Porto, que “sem engenheiros não há defesa moderna”. Na conferência “O Contributo da Engenharia para o Cluster da Segurança e Defesa em Portugal”, organizada pela Ordem dos Engenheiros e pelo Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, o eurodeputado explicou porque todas as engenharias, desde a civil à espacial, são essenciais para o futuro da segurança da União Europeia, e incentivou os engenheiros portugueses a agarrarem esta oportunidade de “crescer e liderar neste novo ecossistema”.
Perante uma sala cheia de engenheiros, o eurodeputado eleito pelo PSD explicou que a União Europeia está, finalmente, a despertar para uma nova abordagem integrada da segurança. Os conflitos armados às portas da Europa, as catástrofes naturais cada vez mais intensas, os ciberataques sofisticados, o crime organizado transnacional, as campanhas de desinformação orquestradas por atores externos, levaram a que a Europa esteja a “erguer um verdadeiro ecossistema de segurança e defesa, abrangente e multidimensional”. Face a esta realidade, Hélder Sousa Silva afirmou que “Portugal, os nossos engenheiros, as nossas empresas e as nossas instituições, devem e podem mobilizar-se para contribuir, crescer e liderar dentro deste novo ecossistema”.
Na sua intervenção, o eurodeputado explicou a estratégia da União Europeia, em matéria de defesa e segurança, e mostrou porque a segurança do século XXI não é apenas militar ou policial. “É também civil, digital, climática e sanitária”, afirmou. Reforçando a necessidade de olhar para a segurança “de forma holística e reconhecer o seu formato híbrido”, Hélder Sousa Silva garantiu que “pela primeira vez, a União Europeia está a construir um ‘edifício estratégico’ completo na área da segurança e defesa: uma estratégia de defesa, que reforça a capacidade militar e tecnológica; uma estratégia de preparação, que assegura a continuidade dos serviços essenciais em contexto de crise; e uma estratégia de segurança interna, que protege as nossas sociedades contra ameaças difusas mas reais”.
Hélder Sousa Silva, que integra a Comissão da Segurança e da Defesa, do Parlamento Europeu, afirmou que “uma estratégia robusta de segurança exige uma visão transversal, que atravesse todas as políticas públicas e setores da sociedade”. E para responder a esses desafios, é necessário “criatividade, rigor, engenho e arte” que, nas palavras do eurodeputado, “os engenheiros detêm na sua atividade”.
Incitando os engenheiros a participarem no “salto qualitativo que se pretende dar, dentro da União Europeia, em autonomia estratégica e capacidade militar”, Hélder Sousa Silva pormenorizou a ação necessária da engenharia de ponta na produção de novos equipamentos sofisticados: aeronaves de próxima geração, drones autónomos, sistemas espaciais de reconhecimento, redes de comunicação encriptadas, veículos elétricos e inteligentes, defesas anti-míssil de alta precisão, entre muitos outros. Todo este esforço previsto requer, segundo o eurodeputado, “equipas de engenharia altamente especializadas: aeroespacial, mecânica, eletrónica, informática, onde áreas como a computação quântica e a inteligência artificial prosperam”.
Concluindo que “sem engenheiros, não há defesa moderna”, pois são os engenheiros que concebem as soluções tecnológicas que garantem a superioridade e a segurança das nossas forças, Hélder Sousa Silva exemplificou que as ameaças internas hoje manifestam-se em bits e bytes, em redes sociais e no submundo digital, tanto quanto nas ruas, pelo que “a engenharia informática e a ciência de dados estão na linha da frente”. Isto significa, nas palavras do eurodeputado, “oportunidades para engenheiros de software fortalecerem os sistemas públicos e privados contra hackers, para engenheiros de redes garantirem a resiliência da Internet europeia, defendendo cabos submarinos ou centros de dados críticos, por exemplo”.
Colocando como palavra de ordem “oportunidade”, Hélder Sousa Silva mostrou que a União Europeia, “ao construir este ecossistema de segurança e defesa, está a abrir oportunidades sem precedentes de financiamento, de parceria e de crescimento. Há programas europeus com bolsas e contratos de muitos milhões de euros para desenvolver capacidades específicas”. Nas suas palavas, “é crucial que Portugal posicione os seus engenheiros e empresas para conquistar uma fatia desses programas. Se outros países o fazem, nós também podemos fazê-lo”, concluiu o eurodeputado.