A eurodeputada Lídia Pereira participou hoje como oradora no Brussels Economic Forum (BEF), o principal evento anual de política económica da Comissão Europeia. Integrando o painel “Navigating a turbulent world: Securing Europe’s economy”, Lídia Pereira defendeu uma visão estratégica para uma Europa mais resiliente, inovadora e competitiva, capaz de liderar a transição verde sem perder terreno face a economias como os EUA ou a China.
"A Europa tem orgulho em liderar a transição verde. Mas a realidade é mais complexa: liderar sem perder vantagem competitiva é um dos maiores desafios políticos que enfrentamos", afirmou a eurodeputada, lembrando que países concorrentes estão a avançar com apoios públicos massivos às suas indústrias limpas, como o Inflation Reduction Act nos Estados Unidos ou as políticas industriais verdes da China.
Para Lídia Pereira, a União Europeia precisa de repensar o seu modelo de apoio ao crescimento verde, acelerando a inovação, reduzindo a fricção regulatória e investindo em capacidades industriais estratégicas. Destacou como exemplo positivo o Mecanismo de Ajustamento Carbónico nas Fronteiras (CBAM), recentemente aprovado no Parlamento Europeu, mas avisou que não é suficiente: “Temos de escalar as nossas indústrias limpas. Não é aceitável que 80% dos painéis solares instalados na Europa venham da China. A autonomia estratégica na tecnologia limpa é uma necessidade, não um luxo.”
A eurodeputada abordou também os desafios da fragmentação do financiamento à inovação na Europa. “Temos talento, temos ideias, mas continuamos sem os instrumentos certos para transformar potencial em poder”, alertou. Referiu o exemplo do financiamento de startups em 2023: 50 mil milhões de euros na Europa, contra 170 mil milhões nos EUA e 110 mil milhões na China.
Lídia Pereira sublinhou a importância de avançar com a União dos Mercados de Capitais, facilitar o investimento transfronteiriço e criar um ecossistema que não penalize o risco, sobretudo no caso das PME. “As empresas europeias precisam de escala. Precisam de capital. Precisam de confiança para crescer aqui e não sair daqui.”
A par da inovação, a eurodeputada destacou a necessidade urgente de atrair e reter talento na Europa. Em 2023, havia 1,8 milhões de vagas por preencher no setor das tecnologias da informação na UE. “Precisamos de investir mais em STEM, de formar as nossas pessoas e de ter políticas migratórias inteligentes que nos ajudem a colmatar o défice de competências.”
Na sua intervenção final, Lídia Pereira deixou um apelo à coragem política: “Num mundo volátil, a tentação é baixar a ambição. Mas a Europa não pode seguir esse caminho. Temos de casar ambição ambiental com ambição económica. Temos de liderar.”