Paulo Cunha, membro da Comissão da Indústria e Energia, apelou a uma ação determinada da União Europeia para reduzir a dependência estratégica de semicondutores, classificando-os como uma "arma geopolítica" no atual cenário de competição tecnológica global.
O eurodeputado alertou para os riscos que a dependência externa representa para setores estratégicos fundamentais na Europa, incluindo o automóvel e as energias renováveis.
Paulo Cunha destacou o impacto no ecossistema automóvel em Portugal, onde mais de 100 mil pessoas trabalham neste setor, representando cerca de 20% das exportações nacionais. Sublinhou que “sem semicondutores, a transição para veículos elétricos e autónomos está em risco”, colocando em causa a competitividade e a sustentabilidade do setor.
O eurodeputado destacou igualmente a importância das energias renováveis, lembrando que Portugal já produz 71% da sua energia a partir de fontes renováveis. No entanto, alertou que os semicondutores desempenham um papel crucial no funcionamento de redes inteligentes, no armazenamento e na gestão eficiente de energia. “Sem semicondutores, como podemos acelerar a descarbonização e cumprir as nossas metas climáticas?”, questionou.
O chefe da delegação do PSD no Parlamento Europeu mencionou também o exemplo chinês, com o desenvolvimento de tecnologias como o DeepSeek, para demonstrar que as adversidades podem ser transformadas em força. “O caso chinês mostra-nos como as restrições podem impulsionar a inovação disruptiva e a independência tecnológica.
Citando o Relatório Draghi, Paulo Cunha destacou a importância de fortalecer a produção interna e investir em capacidades tecnológicas próprias. “Os recursos e o conhecimento existem. O que precisamos é de agir com mais determinação, de forma coordenada.”
O eurodeputado terminou questionando a Comissão Europeia se iriamos “continuar a tolerar que outros escolham o destino das nossas indústrias?” pois no seu entender, “se queremos ser líderes, temos de ser mais engenhosos e menos ingénuos.”