Reconhecendo no documento propostas positivas e a implementar, Patrão Neves considerou que "o conjunto de medidas é claramente insuficiente para a estabilidade e desenvolvimento de um sector em crise e menos ainda para a sobrevivência do sector em Portugal, após o desmantelamento das quotas leiteiras".
"Quando em Portugal 70% do leite é entregue a uma só indústria, o reforço das Organizações de Produtores e Associações, a contratualização entre produtores e indústria, como linhas fortes de orientação deste documento, não resolvem nenhum problema fundamental, nem garantem a justa remuneração dos produtores. No caso dos Açores, uma Região que produz 33% do todo nacional, a situação é também difícil não só devido à concentração da indústria mas também aos constrangimentos que a situação geográfica impõe". ‑ acrescentou.
As propostas avançadas podem, nomeadamente, ter um efeito perverso, o de localizar a produção de leite em apenas 5 ou 6 Estados-Membros, aumentando ainda mais o poderio das indústrias localizadas nestes Estados-Membros, ao mesmo tempo que degradam a frágil posição dos mais pequenos, como é o caso de Portugal.
Patrão Neves defendeu ser imperativo adoptar uma visão ampla e holística do sector ao longo de toda a cadeia, de montante a jusante, e não apenas ao primeiro nível como acontece. "Tal poderá mesmo agravar desentendimentos entre produtores e indústria, deixando o comércio de fora, esse sim usufruindo de grande parte dos lucros, fazendo o consumidor pensar que o leite tem vindo a aumentar nos últimos 3 últimos anos, o que não se verifica."
Em síntese, a eurodeputada considera que as medidas consagradas nesta proposta de alteração ao regulamento não preparam o sector para o anunciado desmantelamento das quotas leiteiras em 2015 pelo que, mais uma vez, Patrão Neves sublinhou "a necessidade de manter o sistema actual enquanto não forem encontradas outras formas satisfatórias de regulação do mercado do leite."