O eurodeputado Hélder Sousa Silva recebeu, no Parlamento Europeu (PE) em Bruxelas, uma delegação de alto nível do setor agrícola brasileiro, liderada pela senadora Tereza Cristina. Segundo o eurodeputado português, “ações de trabalho como estas servem para aproximar as relações entre a UE e o Brasil”, intermediadas pela Delegação do PE para as Relações com a República Federal do Brasil (D-BR),que o próprio preside.
No final do encontro, Hélder Sousa Silva mostrou-se bastante satisfeito com esta iniciativa da D-BR, afirmando que a Delegação “pretende ser um interlocutor ativo nas relações da UE com o Brasil”. O diálogo entre ambas as partes serviu para aprofundar as realidades dos dois continentes, no sentido de estabelecerem-se pontos de negociação e de interesses comuns.
Nas palavras do eurodeputado e presidente da D-BR, “nos últimos anos, o Brasil consolidou-se como um protagonista cada vez mais importante a nível mundial e um parceiro estratégico incontornável para a União?Europeia”.?Geograficamente, o Brasil é quase um continente - tem o dobro da área da UE; é o quinto maior país do mundo e a?nona?maior economia.?Porém – continua o eurodeputado – “a UE não tem sabido capitalizar todo o potencial desta relação e o diálogo UE-Brasil carece de uma nova visão e de uma nova dinâmica.”
Segundo Hélder Sousa Silva, “este é o momento de encarar o Brasil como um parceiro estratégico de excelência?e?um ator económico de referência na América?Latina; devendo a Europa reforçar, de forma inequívoca, as relações UE-Brasil”.?
Já a senadora Tereza Cristina deixou bem clara a urgência da Europa conhecer profundamente a realidade brasileira no sector agrícola, desde a produção, transformação e distribuição. “Se a Europa é um mercado de oportunidades para o Brasil, não é menos verdade que o Brasil é um mercado importantíssimo para a Europa”, afirmou a dirigente brasileira, acrescentando que “é necessário definir estratégias para que a Europa e o Brasil ganhem, pois só assim faz sentido”.
Recorde-se que a UE é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, representando 16% do seu comércio total, e o Brasil é o 11.º parceiro comercial da UE. A UE é o principal investidor estrangeiro no Brasil, criando empregos de qualidade em muitos setores da economia brasileira. Em 2020, o valor do investimento direto da UE no Brasil atingiu 263 mil milhões de euros, representando cerca de 49,5% do total de investimento estrangeiro no país.
Presente na atividade, o embaixador do Brasil na Europa, Pedro Miguel da Costa e Silva, mostrou-se extremamente satisfeito com a iniciativa e declarou total comprometimento com a delegação D-BR, no estreitamento das relações com o Brasil. Nas suas palavras “o Brasil precisa da Europa, mas a Europa também precisa do Brasil”.
Todos os interlocutores foram unânimes em considerar o acordo Mercosul “importantíssimo para as relações comerciais entre a Europa e a América Latina”, mas alertaram que o mesmo deve ser “moldado, de forma a garantir que ambas as partes beneficiam, não só em termos comerciais, mas também ambientais e sociais”.
O acordo com os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai), cujas negociações foram concluídas no final de 2024, envolve cerca de 800 milhões de pessoas, tornando-se no maior acordo comercial da UE em termos de população e de PIB. No entanto, para que este acordo seja verdadeiramente vantajoso, é imperativo que a UE assegure que o Brasil respeite padrões rigorosos em termos de sustentabilidade ambiental, considerando a sua posição de liderança na preservação da biodiversidade global.
O encontro serviu ainda para estabelecer outras pontes de trabalho, ficando já definida uma nova reunião interparlamentar, a decorrer em Bruxelas, assim como a realização de uma missão do PE ao Brasil.