Apresentação da publicação “Pela Nossa Terra – Trás-os-Montes 2015”: Interior desafiado a postura ambiciosa para criar condições capazes de atrair jovens, portugueses e estrangeiros

Apresentação da publicação “Pela Nossa Terra – Trás-os-Montes 2015”: Interior desafiado a postura ambiciosa para criar condições capazes de atrair jovens, portugueses e estrangeiros

A importância de aproveitar com inteligência e eficiência os financiamentos europeus para investimentos que garantam valor acrescentado às potencialidades e riquezas dos territórios marcou hoje, em Mirandela, a cerimónia de apresentação do livro "Pela Nossa Terra - Trás-os-Montes 2015", da autoria do eurodeputado José Manuel Fernandes.

Numa sessão presidida pela ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sobressaiu o reconhecimento do impacto positivo dos fundos europeus para assegurar maiores investimentos que favoreçam a coesão territorial e social, com maior incidência no interior e nos meios rurais.

"Só um país coeso e desenvolvido de forma homogénea e equilibrada pode ser verdadeiramente desenvolvido e competitivo à escala global. E isso mesmo podemos perceber bem pela importância que assume o lema 'Unidos na Diversidade', como princípio de valorização de toda a União Europeia", defendeu José Manuel Fernandes.

A necessidade do interior saber valorizar as suas potencialidades foi também sublinhada pelo apresentador da publicação "Pela Nossa Terra - Trás-os-Montes 2015", o presidente do Instituto Politécnico de Bragança, Sobrinho Teixeira, e pelo presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, dando conta das dificuldades do território e do grave problema da desertificação.

A ministra Maria Luís Albuquerque e José Manuel Fernandes reconheceram a gravidade do problema da desertificação, elogiando a determinação manifestada pelas entidades locais para assumirem um papel ativo e abnegado de ajudar a melhorar a atratividade dos seus territórios, designadamente para os jovens.

Como lembrou a ministra das Finanças, a tendência de concentração urbana, “é infelizmente, de norte a sul e até mundial, o que acarreta graves problemas ao nível da gestão urbana”. Um fenómeno a que acresce o processo antigo de desertificação do interior. Como resposta, a governante defendeu uma mudança cultural assente em “eliminar estigmas” e “criar condições para atrair empresas e pessoas, nomeadamente os jovens, não só portugueses mas também do estrangeiro, demonstrando que há qualidade de vida e vantagens para quem fica em territórios do interior”.

A majoração de incentivos fiscais e da aplicação de fundos comunitários para investimentos em territórios de baixa densidade é uma medida para ajudar a que as terras do interior sejam acolhedoras e ofereçam condições atractivas, “mas não chega”. Por isso, a ministra apelou a uma postura de ambição que a ministra reconheceu nos autarcas e responsáveis de diferentes instituições locais, de forma a que o interior seja uma mais valia para o país também na capacidade de atrair jovens, onde o desemprego é ainda demasiado alto.

Numa época em que os jovens mais têm oportunidades e Portugal dispõe de excelentes profissionais em todas as áreas nas mais diversas partes do mundo, a ministra defendeu que, num mundo global que alterou radicalmente o conceito de emigração, “temos de ser capazes de criar condições para manter cá os que queiram ficar e, simultaneamente, fazer regressar à terras os jovens que assim desejem e até que venham outros jovens estrangeiros”.

O eurodeputado José Manuel Fernandes vincou também a importância de união de esforços para assegurar um desenvolvimento territorial e social mais coeso e equilibrado, num país "em que cerca de 5% do território, que corresponde às áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, tem mais de 41% da população e 50% do PIB". Mas também apontou que, "dentro da mesma região e até distrito, temos diferenças em indicadores extremamente relevantes, como, por exemplo, ao nível do poder de compra, acessos a cuidados de saúde e pensão de reforma".

"Para promovermos o desenvolvimento das nossas terras, considero como fundamental mobilizar instituições públicas e privadas, desde autarquias, escolas e universidades, a associações, sindicatos e empresas. Só com o envolvimento e o contributo de todos podemos superar as dificuldades e os desafios e executar uma estratégia que conduza a crescimento inteligente, sustentado e inclusivo", defendeu o eurodeputado, elogiado pelo trabalho desenvolvido no Parlamento Europeu e pela capacidade de cumprir os compromissos assumidos no que toca a um mandato de proximidade com a região.

"Estamos habituados a ver políticos e sobretudo eurodeputados rasantes. Prometem sempre manter-se por cá, mas nunca mais aparecem. Desta vez, já percebemos que é diferente e eu fiquei a saber que ser eurodeputado, afinal, pode ser diferente daquilo que eu pressupunha. A sua ligação ao território é seria e profunda", afirmou o anfitrião e autarca de Mirandela António Branco, referindo-se ao eurodeputado José Manuel Fernandes na abertura da sessão de apresentação do livro, que contou com um momento de interpretação musical pelos alunos da Escola Profissional de Arte de Mirandela.

Na apresentação da primeira edição do “Pela Nossa Terra” para Trás-os-Montes, o presidente do Instituto Politécnico de Bragança destacou a importância de informações sobre recursos europeus disponíveis e dados estatísticos locais, alguns dos quais confessou desconhecer.

Enaltecendo a prova de que “há políticos que também depois de ser eleitos continuam a trabalhar e mantêm-se preocupados pelo seu território”, Sobrinho Teixeira vincou a ligação do eurodeputado José Manuel Fernandes ao território e à juventude no seu trabalho no Parlamento Europeu, aproveitando ainda para sublinhar os desafios ao aproveitamento dos recursos para a valorização as potencialidades da região e o reconhecimento das capacidades transmontanas.