“Sem zonas rurais mais vibrantes, com mais gente, mais povoadas...será impossível manter os padrões de produção agrícola mais sustentável.” afirmou Álvaro Amaro, na apresentação do relatório da Comissão «Agricultores do Futuro».
O social-democrata quer que o esforço prospetivo do relatório se reflita na elaboração das futuras políticas da União. O relatório da Comissão concretiza um exercício de prospeção notável, que fixa o seu horizonte em 2040. Os investigadores partiram da situação e da paisagem atuais, na sua diversidade, identificando os vários perfis de agricultores e explorando possíveis desenvolvimentos futuros, com recurso à aplicação de megatendências.
Álvaro Amaro entende que é fundamental assegurar que os resultados deste estudo serão tidos em devida conta, aquando da elaboração das políticas agrícolas e de desenvolvimento regional e rural da União. Para Álvaro Amaro, é lamentável que as políticas comunitárias atualmente em fase de conceção não tenham em devida conta os sinais precoces dos desenvolvimentos emergentes - bem identificados no relatório.
Prova disso é que as políticas comunitárias ainda não deram resposta aos interesses dos cidadãos no que tange à contra-urbanização. No seu estudo, a Comissão confirma a crescente preferência das zonais rurais, fruto de uma evolução dos valores da sociedade. No entanto, esta preferência não se traduziu em investimento comunitário. Apesar da revalorização da relação com a natureza e da redescoberta da atratividade das zonas rurais, nada se fez, em termos de legislação, para as levar a efeito.
Álvaro Amaro sustenta que a sustentabilidade demográfica das zonas rurais depende da elaboração de políticas mais proativas; lembrando que nesta formulação de políticas não se joga apenas a sustentabilidade demográfica das zonas rurais, mas, também, a sustentabilidade do sistema agroalimentar. A “capacidade tecnológica e o uso das tecnologias vão ser fundamentais para essa agricultura do futuro” sublinhou. Contudo, nada será possível sem a promoção da renovação geracional do setor agrícola.
Para o responsável pela Agricultura e Desenvolvimento Rural, no Parlamento Europeu, o futuro da paisagem agrícola requer políticas mais coerentes e mais abrangentes. Desde logo, porque a competitividade - cada vez mais ancorada na inovação da digitalização e da biotecnologia – só poderá ser assegurada pela fixação de profissionais jovens ou profissionais altamente qualificados, nas zonas rurais. Para isso, falta proporcionar um ambiente social atrativo, com serviços públicos, assistência social e infraestruturas.
“A resposta [...] pode também residir [...] nessa futura visão de longo prazo para as zonas rurais” afirmou. O futuro da agricultura dependerá do futuro das zonas rurais e, neste contexto o plano da Comissão é o “elemento central [que] faz a união de várias políticas [...] sobre as zonas rurais. Que as coordena, que as projeta, tendo em vista a otimização dessas possibilidades de investimento”.