O Eurodeputado Paulo do Nascimento Cabral defendeu, na reunião da Comissão das Pescas do Parlamento Europeu, onde se debateram os últimos desenvolvimentos e desafios futuros dos Oceanos e das Pescas da União Europeia, que o Atlântico é “uma referência para a UE”, destacando as “potencialidades para a economia azul e bioeconomia”.
No seguimento do estudo apresentado pela Comissão Europeia, o Eurodeputado manifestou-se apreensivo, dando nota de que “importamos cerca de 70% dos produtos de pesca que consumimos, o que equivale a 10 milhões de toneladas por ano, um número bastante elevado que penso que nos deve preocupar a todos”. Nesse sentido, defendeu para as pescas, tal como tem vindo a defender para a agricultura, o “princípio da reciprocidade, ou seja, regras iguais - produtos iguais, naquilo que são os produtos que chegam à União Europeia”, salientando a importância de “manter uma boa relação com países terceiros que muitas vezes nos ajudam a suprimir falta de alimentos”.
Paulo do Nascimento Cabral destacou também “a questão da sustentabilidade económica do setor”, realçando como “evidente que os apoios dados aos pescadores são manifestamente insuficientes para fazer face aos desafios atuais, desde logo a questão do envelhecimento, quer dos profissionais, quer dos equipamentos, e da dificuldade de atrair os jovens”.
Na reunião, o Eurodeputado alertou ainda para a velocidade na implementação das medidas de conservação das espécies, referindo-se à “grande pressão sobre os nossos pescadores, que têm de cumprir com metas e quotas de uma forma bastante radical, e em muito pouco tempo”.
O Eurodeputado açoriano defendeu, assim, a necessidade de se rever a Política Comum de Pescas, assim como o FEAMPA, uma vez que “não estão adequados àquilo que são os desafios atuais da transição digital, da transição energética e da própria renovação das frotas de pesca”.
A finalizar, Paulo do Nascimento Cabral lamentou a ausência de qualquer referência à dimensão atlântica da União Europeia no Relatório Draghi sobre a competitividade da economia europeia. “Em nenhum momento vi referida a questão da dimensão atlântica da União Europeia”, enfatizou, reiterando que “esta dimensão da economia azul e da bioeconomia são fundamentais para a economia europeia, mas também para a economia e competitividade da União Europeia no mundo”.