O alinhamento da Republika Srpska com o regime de Putin está a agravar a situação na Bósnia-Herzegovina. A visita do líder dos sérvios bósnios, Milorad Dodik, a Moscovo, tendo conferido a Putin uma distinção da entidade sérvio-bósnia, acrescentou mais tensão a uma região já muito fragilizada.
O relatório de Paulo Rangel apela, por isso, ao recurso a mecanismos europeus, como sanções ou a condicionalidade no acesso a fundos, para demover a retórica e políticas secessionistas e pró-russas da liderança da entidade sérvio-bósnia.
“A solidariedade e a cooperação são os únicos instrumentos disponíveis para enfrentar desafios e ameaças comuns. A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia acentuou este imperativo e abriu ainda mais a porta da UE a parceiros que realizem reformas e garantam um alinhamento transversal por políticas comuns. As mudanças tectónicas a nível geopolítico, social, tecnológico e ambiental não deixam margem para ambiguidades e hesitações.” afirma Paulo Rangel, relator permanente para a Bósnia-Herzegovina.
Este aumento de tensão na região surge depois de um período de avanços positivos resultantes das eleições de outubro de 2022. A formação de um governo nos diversos níveis de poder (Estado, Federação, Republika Srpska e cantões) permitiu ultrapassar bloqueios institucionais que há anos impediam o país de tomar decisões e levar a cabo as reformas necessárias à integração europeia.
A concessão à Bósnia-Herzegovina do estatuto de país candidato pelo Conselho Europeu em dezembro de 2022 foi um sinal claro por parte da União Europeia de uma nova dinâmica a favor da região e é uma oportunidade chave que a Bósnia tem de aproveitar.
Com a situação geopolítica radicalmente alterada pela invasão russa, a UE compreendeu que não pode deixar os Balcãs Ocidentais expostos à ingerência de potências estrangeiras, particularmente a Rússia de Putin.
Os países candidatos têm também, eles próprios, de levar por diante as reformas necessárias para avançar no caminho da integração europeia, ultrapassar divisões internas e étnicas, e rejeitar por completo alinhamentos com a Rússia, algo particularmente saliente no caso da Republika Srpska.
“Os dirigentes políticos do país devem abdicar do interesse pessoal e começar a trabalhar em benefício de todos os cidadãos da Bósnia-Herzegovina, com o objectivo final de concluir com êxito as tão necessárias reformas.” reforça o relator.
No relatório hoje aprovado, Paulo Rangel congratula-se com os esforços empreendidos pela sociedade civil independente, pelos meios de comunicação social, pelos funcionários públicos e pelos titulares de cargos políticos para que a Bósnia-Herzegovina se transforme num estado multicultural dinâmico e próspero. O Parlamento Europeu continua a apoiar convictamente a via europeia da Bósnia-Herzegovina, alicerçada na transformação democrática e no Estado de direito. A UE continuará a prestar apoio financeiro e técnico substancial para facilitar a transformação e os progressos do país.