Na sua intervenção em Plenário, Paulo Rangel começou por sublinhar à Comissão e ao Presidente da Comissão, "a forma como trabalharam com este Parlamento ao longo destes meses de investidura. Não há nenhum órgão no mundo, com capacidade executiva e de iniciativa legislativa, que seja sujeito à apresentação pelo seu Presidente de um programa diante do Parlamento, à audição com todos os grupos parlamentares, a uma votação por maioria absoluta expressiva, a trazer aqui todos os comissários para serem ouvidos um a um, sobre o seu próprio programa, com três a quatro horas de perguntas directas, de perguntas com respostas."
Paulo Rangelsalientou que, a Comissão "aceitou negociar com o Parlamento um Acordo-Quadro, no qual aceitou, em primeiro lugar, justificar e ampliar os poderes do Parlamento no âmbito da iniciativa legislativa, aceitou o princípio do total acesso à informação, seja na acção legislativa e política, seja nas negociações internacionais e aceitou ter em conta a opinião do Parlamento sobre os comissários, sobre a remodelação dos comissários."
Segundo Rangel, isto significa, "de uma vez por todas e do meu ponto de vista, que a Comissão deu provas, de Julho até aqui, de que está disposta a ter uma ligação estreita com o Parlamento e que, ao fazê-lo, demonstrou de um modo claro, evidente e inequívoco que a aliança estratégica do Tratado de Lisboa para o método comunitário, de que falava o colega Saryusz-Wolski, é a aliança entre o Parlamento e a Comissão. Por isso, a Comissão e o Acordo-Quadro merecem o integral apoio do PPE."
Background
O Grupo de Trabalho nomeado pelo Parlamento Europeu para a negociação do Acordo-Quadro sobre as relações entre a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu concluiu a ronda de negociações em 27 de Janeiro de 2010, chegando-se a um entendimento comum entre as duas instituições. No próximo dia 9 de Fevereiro, o Presidente eleito da Comissão Europeia fará uma declaração em plenário sobre este entendimento e imediatamente antes da votação do novo Colégio de Comissários será votada uma resolução que reflecte os resultados alcançados pelo grupo negociador.
O projecto de resolução para um novo Acordo-Quadro foi aprovado dia 4 de Fevereiro, pela Conferência dos Presidentes. A resolução materializa o acordo político entre as duas instituições e nesse sentido é um passo importante para o relacionamento entre ambas, uma vez que já reproduz o novo estatuto do Parlamento Europeu conferido pelo Tratado de Lisboa.
A segunda fase das negociações, entre os membros do Grupo de Trabalho e o Vice-Presidente com o pelouro das Relações interinstitucionais e administração, começará imediatamente após a Comissão tomar posse e deverá decorrer até Maio ou Junho de 2010, altura em que se pretende alcançar um ambicioso texto para o Acordo-Quadro, reforçando os poderes do Parlamento Europeu. Sobre o projecto de Acordo-Quadro será elaborado um relatório pela Comissão dos Assuntos Constitucionais, cujo autor será o Deputado ao Parlamento Europeu Paulo Rangel. Posteriormente o Acordo-Quadro com o Relatório da AFCO será votado em plenário.
Aspectos relevantes do novo Acordo:
ANTECEDENTES
Desde 1990, as relações entre o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia têm sido regidas por um Acordo-Quadro (inicialmente chamado de "Código de Conduta"), que foi actualizado, desde então, a cada cinco anos. O actual Acordo data de 26 de Maio de 2005, e pretendia, entre outras disposições, reforçar a responsabilidade política e a legitimidade da Comissão, ampliando o diálogo construtivo, melhorando o fluxo de informações entre as duas instituições e melhorando a coordenação de processos comuns. As duas instituições acordaram ainda em medidas específicas para o envio de documentos e informações confidenciais da Comissão ao Parlamento e sobre a calendarização atempada do programa legislativo e de trabalho da Comissão.
Foi estabelecido que a implementação do Acordo-Quadro e os seus anexos devem ser avaliados periodicamente pelas duas instituições, e que a sua revisão pode ser antecipada, em função da experiência prática, a pedido de uma das instituições. Além disso, o Acordo-Quadro deveria ser revisto após a entrada em vigor do Tratado de Lisboa e em conta as experiências dos últimos cinco anos.