Na audição da Alta Representante indigitada Kaja Kallas, que decorreu na manhã do dia 12 de novembro, sob coordenação da Comissão dos Assuntos Externos (AFET), o deputado Sebastião Bugalho, vice-coordenador da AFET e porta-voz da Delegação do PSD no Parlamento Europeu, questionou a ex-Primeira-Ministra da Estónia sobre possíveis cenários nas relações entre Taiwan e a República Popular da China, tendo-lhe perguntado se consideraria algum em que a UE nada faria se a República Popular da China alterasse unilateralmente e pela força o statu quo no estreito de Taiwan e se iria trabalhar para reforçar os laços institucionais da União com aquele território.
Kaja Kallas reiterou a oposição europeia a alterações unilaterais ao statu quo e manifestou o desejo de trabalhar com parceiros na Ásia-Pacífico para promover a diminuição de tensões naquela parte do mundo, em particular no Mar do Sul da China.
Sebastião Bugalho recordou a Kaja Kallas que regimes como o da Venezuela se apresentam como representantes da Rússia de Vladimir Putin e treinam combatentes do Hamas e do Hezbollah e instou-a comprometer-se com o combate à ameaça russa, não apenas na União Europeia, nem junto às suas fronteiras, mas em todo o mundo.
A Alta Representante indigitada reconheceu a existência de sinais de ingerência russa na América Latina, em África e na Ásia e de uma verdadeira luta pelo poder à escala global, considerando que a União Europeia deveria contrariar esta ameaça, nomeadamente quanto à desinformação e à concorrência de narrativas e de investimentos, através da sua presença e da demonstração daquilo que faz à escala global.
Concluindo, o deputado português chamou a atenção da futura Alta Representante para o modo como a inteligência artificial irá mudar a política externa e como esta tem sido debatida nas reuniões de alto nível entre a China e os Estados Unidos e apelou a que a União Europeia liderasse a luta contra a proliferação da desinformação em massa, atualmente utilizada como uma arma contra as democracias.
Kaja Kallas concordou com a avaliação de que a inteligência artificial constitui um desafio de grande magnitude, sendo uma alavanca para a propagação de mentiras e de desinformação, defendendo que esta deveria ser utilizada pela UE para contrariar aquela tendência e difundir informação verdadeira