A Eurodeputada dos Açores considerou que o trabalho voluntário desempenha um papel crucial na mitigação do impacto social e económico das crises, pois “revelou ser uma importante arma de sobrevivência de muitas ONG’s, IPSS´s, entre outras entidades. Há ainda um longo trabalho a desenvolver para ajudar estas associações, das quais destaco como principal a revisão do estatuto dos dirigentes associativos que têm imensos problemas em conciliar o trabalho voluntário com a sua vida profissional e pessoal. Por outro lado, é preciso fazer com que muitas destas organizações deixem de estar fechadas sobre elas próprias, deixem de ter receio de elementos externos e acreditem na mais-valia que é a actividade voluntária”.
Sofia Ribeiro assegurou que a actividade voluntária “tem contribuído para atingir as metas da estratégia de crescimento Europa 2020, como factor importante de criação de capital social e desenvolvimento, e de promoção da coesão económica e social”, acrescentando ainda que “a União Europeia tem a perfeita noção da importância do trabalho de voluntariado e a prova disso foram todos os compromissos assumidos em 2011, no Ano Europeu do Voluntariado, onde vários EM procuraram dar à actividade um verdadeiro impulso, deixando linhas de acção definidas para os anos seguintes. Devemos também congratular iniciativas como a criação do Corpo Europeu de Voluntários para a Ajuda Humanitária, ou a alocação do Serviço de Voluntariado Europeu no novo programa Erasmus+. Ferramentas que devem ser promovidas tanto quanto possível nas nossas universidades e outros estabelecimentos de ensino”.
Para além de discutir o impacto qualitativo na sociedade, este debate teve como objectivo avaliar os instrumentos disponíveis para que se possa ter uma percepção quantitativa do trabalho voluntário. Sofia Ribeiro reforçou que “não há dúvida alguma de que os voluntários estão a desempenhar um papel-chave na sociedade, mas não sabemos, por exemplo, quantas horas estas pessoas estão a dedicar a alguém ou a uma causa? Ou se há alguma mais-valia na empregabilidade futura destes voluntários? Como podemos calcular o valor do que estão a produzir? Faltam-nos dados estatísticos e enquanto não os tivermos não conseguimos medir concretamente o alcance da acção voluntária, assim como, não conseguimos criar medidas que eliminem lacunas existentes na actividade”. A Eurodeputada chamou também a atenção para as orientações definidas no Manual da OIT sobre a medição do voluntariado europeu, considerando que “devem ser seguidas por todos os Estados-Membros a fim de termos dados comparáveis que podem vir a fornecer-nos uma imagem clara da real contribuição desse trabalho a nível Europeu”.
A finalizar a sua intervenção, Sofia Ribeiro reconheceu existir outras falhas na actividade, nomeadamente no que diz respeito ao “reconhecimento formal e à validação de competências adquiridas em acções de voluntariado. Estas actividades devem ser reconhecidas como uma experiência de aprendizagem e de trabalho não-formal e informal. É, também, fundamental que os EM assegurem a implementação de estruturas formais para a validação de todos estes conhecimentos adquiridos, devendo, por exemplo, resultar num certificado que possa ser reconhecido pelas instituições de ensino, empregadores, entre outros. Este é um assunto que tenho introduzido no Intergrupo de Economia Social e na Comissão de Emprego e Assuntos Sociais, das quais faço parte."